E se a morte suspendesse as suas atividades? Como a sociedade, Estado e Igreja reagiriam a essa nova realidade? É a partir dessa premissa que o autor português José Saramago desenvolve o enredo de As Intermitências da Morte, obra que marca o início do 11º ciclo do Clube de Livro Direito e Literatura, organizado pela Biblioteca do Poder Judiciário.
Nesta quinta-feira (15), os integrantes do grupo se encontraram no Café Literário da Escola Superior da Magistratura de Alagoas (Esmal) para discutir o livro, que trata de temas como morte, religião, burocracia e ética com leveza, ironia e crítica social características marcantes do estilo de Saramago.
Em As Intermitências da Morte, Saramago utiliza um cenário distópico em um país fictício, onde a morte resolve simplesmente deixar de cumprir seu papel. O que, à primeira vista, poderia ser considerado um fato milagroso, torna-se um grande fardo para as autoridades políticas, religiosas e até mesmo para o senso comum, diante da constatação de que a morte moldou a construção histórico-social da humanidade desde seus primórdios.
A analista judiciária do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL), Carolina Amancio, esteve na reunião do Clube do Livro e contribuiu com apontamentos sobre a leitura.
Já tive contato com outras obras de Saramago, e, confesso que esta é uma das mais inquietantes para mim. O jeito com que o autor conduz a narrativa, alfinetando as estruturas sobre as quais o nosso mundo está alicerçado e desmistificando a noção de morte perpetuada por vários séculos foi uma surpresa muito boa, relatou a servidora.
O Clube do Livro faz parte do projeto "Justiça que Lê", que incentiva a leitura entre servidores e magistrados do Judiciário alagoano.
O livro As Intermitências da Morte está disponível para empréstimo na Biblioteca Geral do Poder Judiciário. Os interessados em ocupar uma das vagas rotativas do Clube podem fazer a solicitação por meio deste formulário.
O próximo livro a ser lido pelos participantes será Casas Vazias da autora mexicana Brenda Navarro e tem previsão de ser debatida no dia 5 de junho. A obra aborda as diversas nuances da maternidade através da história de duas mulheres que vivenciam a dualidade do ser mãe. Uma tem o filho seqüestrado, enquanto a outra se vê obrigada a criá-lo diante de condições precárias. O livro levanta questionamentos sobre dor, identidade, desigualdade e o papel da mulher na sociedade.
Filipe Norberto Ascom/Esmal