A Escola Superior da Magistratura de Alagoas (Esmal) deu início, nesta quinta-feira (8), à formação de facilitadores de grupos reflexivos voltados a homens autores de violência doméstica. A capacitação é destinada a profissionais das equipes multidisciplinares do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL).
Além dos servidores do Judiciário, o curso também foi aberto a integrantes de equipes dos municípios, organizações não governamentais, sistema prisional e demais órgãos públicos que já desenvolvem ou desejam implementar esse tipo de abordagem. As aulas estão sendo realizadas em formato híbrido, com parte da turma participando presencialmente e outra parte acompanhando de forma remota, pela plataforma Zoom.
Reflexão, escuta e mudança de perspectiva
Durante a abertura do curso, a psicóloga Karla Deysiane explicou que a formação aborda temas essenciais como violência de gênero, masculinidade, machismo e feminismo. O conteúdo é trabalhado por meio de rodas de conversa, para que os participantes experimentem uma vivência próxima à realidade dos grupos reflexivos que atuarão futuramente.
"A gente utiliza o formato de círculo, com uma abordagem mais de troca. É importante escutar os colegas que já atuam nesses grupos. Essa experiência coletiva enriquece a formação", destacou Karla. Ela também apresentou o Programa Responsa, da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica, que visa ampliar a implementação dos grupos em todo o estado.
Já a psicóloga Bruna Kelli reforçou o papel do grupo reflexivo como estratégia de intervenção na violência doméstica. Para ela, esses encontros ajudam a repensar padrões e provocar mudanças reais nos participantes.
"O trabalho busca ampliar as concepções sobre masculinidades. A proposta é que o homem seja acolhido e estimulado a refletir sobre sua responsabilidade nos conflitos e violências cometidas. É um espaço para questionar comportamentos, discutir relações e produzir mudanças que impactem suas vidas e suas famílias", explicou.
Quem participou do primeiro dia de formação já pôde sentir o impacto do conteúdo. O oficial de justiça Anderson Vieira Cavalcanti, um dos inscritos no curso, destacou a importância do tema e da condução das facilitadoras.
"É um tema de suma importância. A gente vai se ressignificando: nossos conceitos, nossos pensamentos sobre a abordagem do homem violento dentro da sociedade. As professoras estão trazendo uma abordagem magnífica, que nos faz enxergar situações que muitas vezes passam despercebidas", relatou Anderson.
A formação continua nesta sexta-feira (9), quando os participantes irão aprofundar as dinâmicas utilizadas nos grupos e discutir estratégias para iniciar ou fortalecer esse trabalho em suas regiões.
Kenny Lucas - Ascom/Esmal
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