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Notícia
Atualize-se - 03/09/2021 - 11:09:35 -
A morte de Ivan Ilitch
Artigo da servidora do TJAL Cleonice Silveira sobre a obra de Lev Tolstói

A morte de Ivan Ilitch

Artigo de Cleonice Silveira, da 22ª Vara de Família da Capital e membro do Clube do

Livro Direito e Literatura, sobre obra de Lev Tolstói, publicada pela editora 34


O livro A morte de Ivan Ilitch é uma obra clássica da literatura russa, de autoria de Lev Tolstói, publicada em 1886, que retrata a trajetória de vida do juiz de instrução Ivan Ilitch e traz uma reflexão sobre a morte e, consequentemente, sobre o sentido da vida. 

Toda a narrativa é escrita em menos de 80 páginas, divididas em 12 breves capítulos, levando o leitor a mergulhar na experiência singular que Ivan Ilitch vivenciou na sociedade russa do século XIX, assim como a uma crítica ao mundo judiciário e às convenções sociais daquela época. 

Inicialmente, o autor aborda a hipocrisia e a falsidade com que os colegas de trabalho de Ivan Ilitch recebem a notícia de sua morte, se mostrando tristes, de luto, mas, na verdade, estavam pensando nos benefícios que teriam com aquela situação, como quem ocuparia a sua vaga. Essa era a questão em pauta: que influência essa morte poderia ter sobre as transferências ou promoções, tanto dos próprios juízes quanto dos parentes e dos conhecidos. A viúva, por sua vez, estava mais interessada na herança e no valor da pensão que passaria a receber.

Posteriormente, Tolstói passa a narrar toda a trajetória da vida do personagem, que era filho de funcionário público, brilhante nos estudos, capaz, alegre, comunicativo, mas um severo cumpridor daquilo que considerava seu dever. Desde a mais tenra idade, era atraído pelas pessoas bem-sucedidas socialmente, tentando imitá-las e estabelecer relações amistosas com elas. Sempre almejou fazer parte da alta sociedade. Ao concluir o curso de Direito, Ivan assumiu um cargo de funcionário público, junto ao governador, para desempenho de encargos especiais. Exercia com uma honestidade incorruptível, da qual não poderia deixar de se orgulhar. Durante sua carreira profissional, galgou sempre boas posições no setor público e posteriormente passou a ocupar o cargo de juiz de instrução.

No desempenho dessa função, sentia que todas as pessoas estavam nas suas mãos e “que bastava escrever determinadas palavras em um papel timbrado, que qualquer homem importante, seria conduzido à sua presença, na qualidade de testemunha ou de acusado, porém Ivan em tempo algum abusou dessa sua autoridade” (p. 21). 

Anos depois, casou-se apenas por conveniência, os primeiros tempos da vida em comum eram alegres, agradáveis, no entanto, após a gravidez da mulher, surgiu algo novo e desagradável. Sua esposa ficou irritadíssima, implicava com tudo, comportava-se  grosseiramente, sentia ciúmes de todos. Ivan tentou ignorar esse comportamento, passando a se dedicar cada vez mais ao trabalho, isolando-se na sua vida funcional. Seu trabalho era a única coisa que o fazia se sentir bem, por isso concentrou-se na sua carreira profissional. Conduziu a sua vida procurando fazer tudo que parecia correto aos olhos da sociedade, segundo sua concepção, agradável e decentemente.

Ao final da sua carreira, assumiu um novo cargo no Ministério da Justiça, uma função que lhe rendeu duas classes acima dos seus colegas, fato que deixou toda família muito feliz. Comprou uma casa nova e a convivência com sua esposa e com os filhos passou a ser novamente bastante agradável.

Um dia, quando estava cuidando da decoração de sua nova casa, Ivan tropeçou e caiu, conseguiu segurar-se, mas acabou machucando-se. Inicialmente, não parecia ser nada grave, mas passado alguns meses, eis que surge uma dor desagradável que o deixava bastante irritado e mau humorado. Essa irritação interferia na sua relação com a família, as discussões tornaram-se frequentes, implicava com qualquer coisa que viesse a lhe desagradar.

Com as dores mais intensas, Ivan concluiu que estava realmente doente. Procurou vários médicos, mas nenhum deu-lhe um diagnóstico satisfatório, que o fizesse compreender a sua doença. Com o passar do tempo, o seu estado de saúde só agravava,  deixando-o acamado. Nos últimos dias que antecederam a sua morte, afastou-se do seu trabalho, momento em que percebeu a indiferença de todos ao seu redor.

Neste momento, ao se confrontar com a morte, Ivan Ilitch começa a perceber o vazio de uma vida baseada em aparências. Sua percepção se amplia à medida que observa a reação da família e dos colegas de trabalho diante da sua doença, para quem ele havia se tornado um estorvo a ser evitado. Ironicamente, o único que teve compaixão pelo seu sofrimento, por suas dores torturantes, que não sossegava um instante sequer,  foi o seu criado Guerássim, que lhe tratava de bom grado e com carinho, deixando Ivan  bastante comovido. 

É nesse momento que a narrativa torna-se extraordinária, diante das dores, de muita angústia, Ivan percebe toda a hipocrisia em que ele estava envolvido, começa a questionar seu próprio passado. Afinal, ele fez tudo que considerava correto, porém o que lhe restou foram relações vazias, sem vínculos afetivos verdadeiros. Sentia uma terrível solidão, uma ausência completa de Deus, compreendia que deveria ter vivido de forma diferente, porém não havia mais tempo, a morte se apresentava como um muro alto intransponível. Certa noite, antes de dormir, passa a repensar sobre sua vida e conclui: “… eu parto da vida com a consciência de que destruí tudo o que me foi dado, se não se pode mais corrigi-lo, que fazer então?” Deitou-se de costas e pôs-se a examinar toda a sua vida de maneira completamente diversa”, (p. 72).

Com a história de Ivan Ilitch, que pode ser confundida com a de muitas outras pessoas, Tolstói nos faz questionar se estamos buscando a nossa autorrealização ou apenas seguindo um roteiro traçado por uma sociedade de consumo, que impõe como sinônimo de realização pessoal, a mera aquisição de bens, status, bom emprego, viagens, casamento, filhos...

Pensar na morte é repensar a própria existência humana, que não é eterna. E o que é mais grandioso na obra de Tolstói é o despertar para a certeza dessa finitude,  pois não há como fugir da morte, a vida é verdadeiramente efêmera, e isso traz muitas inquietações. Diante da consciência da morte, olhamos para a vida que tivemos e repensamos nossas atitudes. Quando ainda temos tempo, é possível fazer novas escolhas, pois o arrependimento pressupõe que ainda é possível seguir por um novo caminho; quando não temos mais tempo, só resta o arrependimento. 

A morte de Ivan Ilitch é um livro inquietante, alerta o leitor para a finitude da vida, levando-o a refletir acerca da forma que utilizamos o nosso tempo. O tema morte passa a reverberar na mente do leitor, instigando-o a refletir sobre sua própria existência, e o faz perceber que ninguém está pronto para morrer, afinal ainda há tanta coisa para se fazer neste mundo. Mas será que ainda há tanto tempo assim? 

Será realmente preciso esperar a chegada de uma doença grave para refletir sobre algo que possa ser mudado em nossas vidas? Será que somente ter é sinônimo de felicidade? Em tempos de pandemia, isso fica ainda mais forte, a morte tem sido uma constante em nossos dias, quem não teve um ente querido, um amigo, ou um vizinho que não tenha sido vítima da Covid-19? Portanto, se existe algo a ser mudado em nossas vidas, que façamos isso logo, não esperemos o dia de amanhã.



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