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Notícia
Atualize-se - 25/06/2021 - 03:06:13 -
Torto Arado
Artigo da analista judiciária Thais da Rocha sobre romance do escritor baiano Itamar Vieira Junior, vencedor dos prêmios literários Leya, de Portugal, Jabuti e Oceanos

Torto Arado ¹


                                                             Thais da Rocha Ribeiro, analista judiciária do Tribunal de Justiça do
Estado de Alagoas e membro do Clube do Livro: Direito e Literatura


No romance Torto Arado, o leitor é surpreendido a cada página ao ser convidado a viajar ao interior do Brasil, na Chapada Diamantina, sertão da Bahia e acompanhar a passagem da infância à maturidade das irmãs Bibiana e Belonísia, protagonistas da história, e adentrar no universo dos homens e especialmente das mulheres do campo, que têm histórias fortes, marcadas pela resistência à opressão social, econômica, política, de gênero, cultural e na qual a relação de amor com a terra é condição indispensável para manter a própria existência da família e uma vida digna.

O livro é dividido em três partes: Fio de corte, Torto arado e Rio de sangue. E três são as vozes femininas, que nos contam a história de três gerações, sob suas perspectivas e nos conduzem a refletir sobre o Brasil, último país do mundo ocidental a abolir oficialmente a escravidão e as consequências históricas desse sistema escravocrata refletidas na contemporaneidade, com um padrão histórico e estruturante de exclusão e discriminação em face da população afrodescendente, na falta de acesso à educação, à saúde, a interseccionalidade, o direito ao reconhecimento.

No terreiro de uma casa de barro, Bibiana com sete anos e sua irmã Belonísia, um ano mais nova, filhas de Zeca Chapéu Grande e Salustiana Nicolau, trabalhadores cativos da Fazenda Água Negra, brincavam de bonecas feitas de espigas de milho e atentas ao movimento da avó paterna Donana, que guardava, dentro de uma velha mala de couro, debaixo de sua cama, um segredo e as lembranças da Fazenda Caxangá, onde havia passado sua vida e na qual nasceram os seus filhos que haviam partido, um a um, em busca de trabalho e melhores condições de vida.

Curiosas e determinadas a desvendar o segredo guardado e revisitado tantas vezes por Donana, aguardaram a avó sair e se dirigiram ao quarto e encontraram, dentro da mala entre peças de roupas antigas, embrulhada em um tecido sujo, uma faca com cabo de marfim e atraídas pelo brilho resolveram explorar o objeto com os sentidos para que nada escapasse, sentiram o seu cheiro e enfim o colocaram na boca, quando foram surpreendidas pelo olhar assombroso da avó que exigia uma explicação para o que estava acontecendo sob a ameaça de arrancar a língua, que já estava em uma das mãos das netas.

As meninas, que nunca haviam saído da Fazenda, foram levadas para o hospital que ficava na cidade e se deram conta que foi o primeiro lugar que viram mais gente branca que preta. E em razão da distância, que deveria ser percorrida entre a Fazenda e a cidade, para ter direito a um tratamento médico adequado, a irmã, que tinha perdido a língua, seguiria silenciada.

Alguns anos se passaram, quando Zeca Chapéu Grande, líder espiritual, curador de jarê e respeitado por todos, convida o irmão de Salustiana, para residir e trabalhar na Fazenda Água Negra. Servó chegou com sua esposa, Hermelina, e seus seis filhos, entre eles, Severo. 

Os trabalhadores somente poderiam construir casa de barro para não demarcar o tempo de presença na terra e era permitido colocar uma pequena roça para ter comida no prato, sendo que uma terça parte do que plantavam em seus quintais deveria ser entregue aos seus senhores e o único pedaço de terra a que tinham direito era a pequena cova no cemitério da Viração.

Com a passagem da infância para adolescência, Severo, Bibiana e Belonísia, paulatinamente, foram adquirindo consciência do sistema de exploração a que estavam submetidos os trabalhadores de Água Negra e com suas ações foram construindo uma nova história para seu povo, que vai recuperando sua identidade, lutando pelo direito à terra e se percebendo como uma comunidade quilombola. 

Na terceira parte da obra, o autor revela de maneira surpreendente e significativa, os segredos do romance, sob a perspectiva de uma voz que ultrapassa a dimensão de tempo e espaço.

É interessante observar que os textos constitucionais posteriores à abolição da escravatura não mencionaram a questão dos quilombos, mesmo diante da ausência de qualquer política pública para inclusão social da população afrodescendente. Somente com a Constituição de 1988, no artigo 68 do ADCT, foi assegurado às comunidades quilombolas o direito à propriedade de suas terras.

Ressalta da leitura do livro a riqueza alimentar que brota da terra pelas mãos dos trabalhadores com respeito ao meio ambiente e aos saberes tradicionais e que nos proporciona uma alimentação diversificada: milho, batata, feijão, inhame, batata-doce, aipim, umbu, jatobá, buriti, tomate, quiabo, abóbora, feijão, arroz, dendê, tangerina, jaca, palma, feijão de corda, fruta-pão, tucum, mandacaru, jenipapo, araçá, banana, limão, maracujá da caatinga, taboa, café, mandioca, capim-santo. 

A leitura de Torto Arado, pela beleza da narrativa, por sua linguagem poética, pela diversidade de assuntos, pela complexidade de seus personagens, ao conferir voz a um grupo de pessoas, em especial situação de vulnerabilidade, nos leva ao encontro do outro e de nós mesmos.

¹ Torto Arado: romance do escritor baiano Itamar Vieira Junior, vencedor em 2018 do prêmio Leya ,de Portugal, onde foi publicado pela primeira vez. No ano de 2020 venceu os prêmios Jabuti e Oceanos de literatura.



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