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Notícia
Atualize-se - 07/06/2021 - 11:06:42 -
O alienista
Artigo de Ana Paula de Melo Gomes, servidora do TJAL, sobre a obra de Machado de Assis

Certa casa verde: o convívio da loucura com a razão

Artigo de Ana Paula de Melo Gomes, servidora

do TJAL, sobre obra do escritor Machado de Assis


A cor verde traz à mente o frescor da natureza, simbolicamente significa esperança. Uma vez, lá em Itaguaí, cidade de Minas Gerais, um grande médico, Simão Bacamarte, com o apoio do boticário (farmacêutico) e do vigário do lugar, fundou um asilo chamado Casa Verde. A população recebeu a notícia com curiosidade e resistência, mas tão breve se transformou em satisfação e alegria. Somou-se sete dias de festejos públicos em homenagem à inauguração de uma casa de Orates, loucos. Nascia a esperança de cura. Uai! Mas quem precisava mesmo ser curado naquela região?

Essa estória se passa numa pequena cidade do interior, onde Simão Bacamarte, homem da nobreza e considerado dos maiores médicos do Brasil, escolheu para viver após seus estudos em Coimbra e Pádua. Logo lembrou o narrador nas primeiras linhas do livro que Bacamarte ao ser convidado para regente da Universidade de Coimbra ou Lisboa, falou para o Rei: “- A ciência, disse ele a Sua Majestade, é o meu emprego único; Itaguaí é o meu universo.” (pág. 13)

Assim foi nascendo o conto O Alienista no século XIX pelas mãos de Machado de Assis, um dos maiores escritores de todos os tempos.

Apaixonado pela ciência, dizia o personagem que a saúde da alma é a ocupação mais digna do médico. Aprofundou seus estudos com a certeza de que a ciência tem o inefável dom de curar todas as mágoas, e de todas as suas particularidades, chamou a sua atenção o “recanto psíquico”. (pág. 14) 

Foi de fato uma empresa, para a manutenção do interno a família responsável pagaria uma contribuição, o que rendeu muito lucro. Com a licença concedida pelo Município, iniciou-se a construção, ficava na rua mais bonita da cidade e abrigaria muitos doentes, havia cinquenta janelas nas laterais, um pátio bem ao centro e muitos cubículos para os hóspedes. Uma passagem da obra nos fala sobre a escolha do nome, “A Casa Verde foi o nome dado ao asilo, por alusão à cor das janelas, que pela primeira vez apareciam verdes em Itaguaí.” (pág. 16) Na entrada ele gravou uma declaração de Maomé encontrada no Corão, mas com medo do vigário e do bispo, destinou o pensamento a Benedito VIII.

Em conversa com o boticário, Sr. Crispim Soares, o médico lhe contou intimidades de seu coração, confessando sua crença na presteza de seus estudos a loucura como um serviço à humanidade, citando trecho da Carta de São Paulo a Coríntios, “Se eu conhecer quanto se pode saber, e não tiver caridade, não sou nada.” Acreditava que estudando a loucura em seus diversos graus, classificando os casos, descobriria a causa, bem como o remédio universal. (pág. 16)

Com a inauguração da casa chegaram os primeiros loucos, da narrativa se descreve o primeiro assim: “O primeiro, um Falcão, rapaz de vinte e cinco anos, supunha-se estrela-d’alva, abria os braços e alargava as pernas, para dar-lhes certa feição de raios, e ficava assim horas esquecidas a perguntar se o sol já tinha saído para ele recolher-se.” (pág. 17) E em apenas quatro meses o local estava lotado, construiu-se em anexo uma galeria com trinta e sete cubículos.

Mas a loucura parece ter tomado conta do próprio Simão Bacamarte, que de forma incontrolável e insaciável, a qualquer comportamento que lhe contrariasse era motivo para a força colocar a pessoa na Casa Verde. Gerou-se um clima tenso nas redondezas. Quando alguém desconfiava que estivesse na mira insana do médico tentava fugir, mas sempre alcançado como uma presa fácil numa caça. 

Nessa esteira obsessiva, a Casa Verde tomou forma de um cárcere privado, estando todos tementes aos devaneios do Dr. Bacamarte. Agitou-se assim os burburinhos na cidade, como se vê: “A ciência contentou-se em estender a mão à teologia, - com tal segurança, que a teologia não soube enfim se devia crer em si ou na outra. Itaguaí e o universo ficavam à beira de uma revolução.” (pág. 24/25)

A situação chegou ao ponto de que até a esposa do médico, D. Evarista, foi interna. Todos estavam se sentindo ameaçados. Nisso o barbeiro, investido no cargo de vereador, anunciou que a paz somente seria restabelecida “ao ver por terra a Casa Verde, - ‘essa Bastilha da razão humana’”. (pág. 35) Com essa voz brava do barbeiro, muitos se sentiram encorajados a enfrentar a situação, como se fossem a uma guerra. Surgiu assim a Revolta dos Canjicas contra a tirania de Bacamarte, mas ele ironicamente se pronunciou dizendo que a ciência era algo sério e somente devia explicação aos mestres e a Deus, reação que deixou os manifestantes surpresos pela sua serenidade.

Ainda assim, o movimento foi muito importante para semear no médico algum juízo comum. De fato, processou-se o início da liberdade aos internos, sendo um a um analisado e liberado da Casa Verde como curado, tempo em que a cidade foi palco de muitas festas de boas-vindas pelos familiares e amigos aos que retornavam aos seus lares.

Quando do último a deixar a Casa Verde, em seu senso crítico, questionou-se o médico de que sua teoria nova poderia ter em si mesma “outra e novíssima teoria”. Perguntava-se se ele havia curado todos aqueles ou se ao contrário, descobriu o perfeito desequilíbrio do cérebro. O que foi aqui transcrito: 

 “Isso é isto. Simão Bacamarte achou em si os característicos do perfeito equilíbrio mental e moral; pareceu-lhe que possuía a sagacidade, a paciência, a perseverança, a tolerância, a veracidade, o vigor moral, a lealdade, todas as qualidades enfim que podem formar um acabado mentecapto. Duvidou logo, é certo, e chegou mesmo a concluir que era ilusão; mas sendo homem prudente, resolveu convocar um conselho de amigos, a quem interrogou com franqueza. A opinião foi afirmativa.” (pág. 59)


Diante dessa trajetória, Simão Bacamarte afundou-se no seu próprio Eu. Em seus mais sóbrios pensamentos se perguntou se não ele mesmo o louco, momento em que decidiu ficar na Casa Verde para seu próprio estudo e cura. Será que conseguiu?

Esta obra é sem dúvida uma das mais importantes de Machado de Assis, colocando-se em pauta a razão e a loucura, e principalmente o papel da ciência e o poder dos homens. Observa-se que o Dr. Simão Bacamarte era uma autoridade no assunto, estudioso que buscou identificar a loucura, classificá-la e curá-la, mas que se perdeu no caminho, talvez pela incerteza do que é a loucura ou mesmo a normalidade.

Por meio desse contexto, da leitura foi possível reviver um pouco do documentário Holocausto Brasileiro, escrito pela jornalista Daniela Arbex, que nos mostra as irregularidades de um dos maiores hospícios brasileiros, conhecido como Colônia, situado na cidade de Barbacena, Minas Gerais, onde pessoas sem diagnóstico de doença mental permaneceram por anos enclausuradas. Fato que nos leva a pensar até que ponto ficção e realidade se confundem. O que é loucura? Quem são os verdadeiros loucos? 



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