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Atualize-se - 11/06/2021 - 15:37:10
Quarto de despejo: Diário de uma favelada
Artigo de Mirian Alves, diretora da Biblioteca do Poder Judiciário de Alagoas, além de curadora e mediadora do Clube do Livro Direito e Literatura

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Arte: Carolina Amancio
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O alienista

?Muito bem, Carolina!

Artigo de Mirian Alves, diretora da Biblioteca do Poder Judiciário de

Alagoas e curadora e mediadora do Clube do Livro Direito e Literatura


Edith Wharton, primeira mulher a vencer o Prêmio Pulitzer de ficção, alerta que "um leitor deverá saber que aquele que abre um livro não é a mesma pessoa que o fecha". O livro Quarto de despejo: Diário de uma favelada, de Carolina Maria de Jesus, poderia, com segurança, ostentar este aviso na capa, por ser uma leitura incômoda e profundamente transformadora.

Na obra de Carolina a fome é um dos personagens mais marcantes e tem até cor, é amarela, algo que apenas quem vivenciou poderia ser capaz de relatar: “é preciso conhecer a fome para descrevê-la”.  Escrito na década de 1950, o livro choca pela sua atualidade. A dura rotina de miséria, fome e luta pela sobrevivência narrada por Carolina ainda faz parte da vida de muitos brasileiros nos dias atuais.  Especialmente durante a pandemia, quando as desigualdades sociais se acentuaram ainda mais, e a fome passou a atingir 19 milhões de brasileiros, conforme dados da Pesquisa Olhe para a Fome, realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional.

Mulher preta, mãe solo, moradora da favela do Canindé em São Paulo, em condições de total abandono por parte do estado, Carolina trabalhava como catadora de papel para alimentar os filhos. Do lixo também vinham os livros que ela lia e os cadernos onde registrava o seu dia a dia sem muito horizonte, mas permeado pelo sonho de se tornar escritora.  

Esses diários escritos por Carolina integram o livro Quarto de despejo, um grande sucesso, traduzido para 13 idiomas. Engana-se, no entanto, quem imagina se tratar de uma narrativa que verse exclusivamente sobre miséria e privação. Nas entrelinhas dos relatos de Carolina também transborda o seu rico universo interior, sua força, sua capacidade de ver beleza e lirismo no meio do caos cotidiano, sua consciência política e pensamento crítico forjados nas leituras de livros e jornais encontrados no lixo. Seu corpo padecia a dor da fome, mas seu espírito se nutria de leitura, mantendo viva a sua capacidade de sonhar, mesmo diante de condições muito adversas.

Vivendo uma realidade que desumaniza em todos os aspectos, tendo os seus direitos mais básicos negados - “quando estou na favela tenho a impressão de que sou um objeto fora de uso, digno de estar num quarto de despejo” – Carolina encontra na leitura e na escrita um caminho para resgatar a sua humanidade e “desafogar as misérias que a enlaçavam”.

Antônio Candido, ao defender a literatura como direito humano, expõe que “não há povo e não há homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar vinte e quatro horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabulado”. Carolina corrobora Antônio Cândico: “Não sei dormir sem ler. O livro é a melhor invenção do homem”. “Todos tem um ideal, o meu é gostar de ler”, ela relata.

Num país que volta a figurar no mapa da fome e onde alardeiam sem nenhum pudor que livro é coisa de rico, ler Quarto de despejo e ouvir a voz de Carolina é urgente. É urgente se colocar no lugar do outro, sentir a dor de quem tem fome e defender o direito à dignidade. É urgente conhecer e reconhecer o poder transformador da leitura e defender o direito irrestrito à educação e à cultura. Quiçá seja a nossa salvação diante do que nos alerta Carolina: “A democracia está perdendo os seus adeptos. No nosso país tudo está enfraquecendo. E tudo o que é fraco morre um dia”. 






 


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