Um encontro entre arte, literatura e cultura marcou a participação do Programa Cidadania e Justiça na Escola (PCJE) no estande da Escola Superior da Magistratura de Alagoas (Esmal) na 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, nesta quarta-feira (5).
O público estudantil, atendido pelo PCJE, aproveitou uma diversidade de atividades lúdicas e interativas, entre elas: contação de histórias, oficina de bonecas abayomi e um encontro com o escritor Carlito Lima.
Leitores da vida
Míriam Oliveira, contadora de histórias, definiu o momento como uma ocasião de pertencimento em que as crianças deixam-se encantar pela magia das histórias e da imaginação.
É emocionante trazer as crianças para esse mundo mágico das histórias dentro desse espaço acolhedor. As crianças cantaram, brincaram e refletiram com a gente. E, no fim, percebemos juntas que as histórias nos salvam, nos libertam e nos fazem leitores e leitoras da vida, não apenas dos livros, reforçou a contadora.
Junto a Míriam, Socorro Cunha, também contadora, abordou o livro Como as histórias se espalharam pelo mundo? de Rogério Barbosa. A obra transporta o leitor para a pluralidade cultural do continente africano, em que a tradição oral é consolidada e reverbera em povos e culturas diferentes.
Começamos com as narrativas que nasceram na África, se espalharam por diversos lugares e chegaram até Maceió. Uma delas foi a história do Ratinho, que, em suas andanças, recolhia e guardava histórias. Depois, ele teceu vários cordões e, em cada um, havia uma nova história, espalhando essas narrativas pelo mundo. Encerramos com uma história minha, E agora? Saí do casulo que também fala de transformação e liberdade, disse Socorro.
Um convite à reflexão e empatia
Em seguida, os estudantes tiveram a experiência prática de confeccionar com as próprias mãos, uma boneca abayomi. Quem conduziu a atividade foi a assistente social Roseane Bernardo, da empresa Reviver que presta serviços para o Sistema Prisional. Ivandro Soares da Gama, que também faz parte da Reviver, reiterou o caráter simbólico da atividade, dialogando com a memória e resistência dos povos negros.
Produzir essa bonequinha nos convida a refletir sobre empatia e respeito. Entendendo qual é o significado dela, conseguimos nos colocar no lugar do outro. Este é um gesto de preservação da memória, destacou.
Estudante exibe a boneca abayomi confeccionada durante a oficina promovida pela Esmal. Foto: Kenny Lucas - Ascom/Esmal
Carol Ferreira, estudante do Colégio Santa Clara, estava passando pelo estande e resolveu participar da oficina. Para ela, que está desenvolvendo um trabalho escolar sobre a cultura africana, produzir artesanalmente uma bonequinha abayomi, que significa "encontro precioso", uma expressão da língua iorubá que também pode ser interpretada como "aquela que traz felicidade e alegria", trouxe um novo sentido ao seu dever de casa.
Vou levar a bonequinha como exemplo para nossa apresentação na escola e parte da nossa apresentação, sei que o pessoal vai gostar. Achei muito bom e criativo ter tido essa experiência. Gostei bastante, relatou.
Voltando à Ulla
Os alunos da Escola Estadual Professor José da Silveira participaram de um encontro com o escritor Carlito Lima e apresentaram a ele suas impressões sobre a obra "Ulla", sua publicação mais recente. Os exemplares haviam sido entregues aos estudantes no mês de julho, em outra ação do PCJE.
Carlito agradeceu a oportunidade de presenciar um debate tão proveitoso sobre a sua obra e ressaltou a sua satisfação de ver a repercussão da história nos jovens
Eles leram o livro e fizeram um trabalho, colocando as suas opiniões e trouxeram suas perspectivas. Aprendi muito com o olhar deles, que observaram o papel da mulher ali nos anos 60, época em que se passa Ulla, e os preconceitos que existiam bem mais fortes naquele período, mas que ainda existem. Fiquei felicíssimo com esse retorno, nunca pensei que poderia chegar a tão alto nível para os jovens, contou Carlito Lima.
Estudantes do projeto Historiando o livro Ulla participaram de debate literário no estande da Esmal, apresentando reflexões sobre a obra de Carlito Lima. Foto: Kenny Lucas - Ascom/Esmal
A participação dos adolescentes integra o projeto Historiando o livro Ulla: reflexões da juventude sobre memória, liberdade e cidade coordenado pelo professor de História, José Edson Lins.
Emilly Roberta, do 3º ano do Ensino Médio, que pela primeira vez participa de uma Bienal, já se sente uma protagonista por fazer parte de uma atividade desse tipo.
Eu me senti muito lisonjeada e estou feliz de verdade. Eu me interessei bastante sobre a história da Alagoas, eu quero vir mais vezes na Bienal. Acho que é muito importante a gente conhecer a história do nosso lugar, do nosso local, e eu agradeço essa oprotunidade, concluiu.
A programação seguiu com plantões de dúvidas sobre a atuação do PCJE, contação de histórias, espetáculo teatral do grupo Mandacaru e conversas com visitantes.
Thalys Samuel, que integra o grupo Mandacaru, formado por estudantes do Instituto Federal de Alagoas (IFAL), compartilhou como foi a experiência de apresentar poesias no estande da Esmal, em parceria com o PCJE. "Mesmo com o tempo curto de preparção, a apresentação de hoje foi muito boa em comparação às anteriores. Estou no teatro há cerca de cinco meses e tem sido uma experiência incrível. Recomendo muito que vocês participem também", contou.
Ainda nesta quarta-feira, às 18h, o estande da Esmal na Bienal receberá o lançamento do livro 'Dos Orixás à Casa Grande: o (de)colonizar do axé nas decisões do Judiciário', escrito pela servidora Isabelle de Souza Bordalo.
Clique aqui para acessar a programação detalhada.
Filipe Norberto - Ascom/ Esmal TJAL