Setenta servidores do Poder Judiciário de Alagoas participam, nesta quinta e sexta-feira (17), do curso Desafios da construção da linguagem em tempos de Inteligência Artificial (IA). A formação, ministrada pelo professor Eduardo Sampaio, acontece na sede da Escola Superior da Magistratura (Esmal), organizadora do evento.
Eduardo Sampaio, mestre em Linguística, explica que a proposta do curso é analisar os impactos do uso da Inteligência Artificial na produção textual e discutir sua aplicação como ferramenta de apoio.
Estamos tratando desde os aspectos positivos que a Inteligência Artificial traz para o cidadão, quanto os aspectos negativos. Um deles é a linguagem. Observamos essa tendência: as pessoas, que já escreviam pouco, estão deixando de escrever para terem seus próprios textos e criatividade substituídos pela IA, observa o docente.
Sampaio alerta para os efeitos do comodismo diante do uso crescente dessas ferramentas e reforça a necessidade de reflexão sobre o papel da escrita.
Se uma pessoa escrevia mal, ou nem escrevia, e passa a utilizar o texto da IA como se fosse seu, há uma falsa sensação de autoria. Por outro lado, quem já tinha criatividade e tendência à escrita pode se acomodar, o que é negativo. Pesquisas recentes mostram uma perda na habilidade de escrever. O curso mostra como utilizar a Inteligência Artificial a favor do servidor e do serviço público, sendo uma aliada, e não uma adversária, ressalta.
Kirley Leite, servidora da 19ª Vara Cível da capital, está aproveitando a oportunidade para revisitar tópicos de Língua Portuguesa.
Estou tendo uma revisão bem ampla. Estamos relembrando assuntos como o uso da crase e concordância. Para mim, que há muito tempo não fazia um curso de Português, está sendo muito proveitoso, destaca.
Kirley avalia que compreender as especificidades da Inteligência Artificial é um dos diferenciais da formação. Ela acredita que o conteúdo será de grande valia para o seu cotidiano de trabalho.
A Inteligência Artificial já é uma realidade consolidada. Nosso desafio agora é adequar a produção textual ao uso dessas ferramentas, assegurando que elas fortaleçam a efetividade e a qualidade do nosso trabalho, completa.
Filipe Norberto Ascom/Esmal