Na noite desta quinta-feira (7), o Café Literário da Escola Superior da Magistratura de Alagoas (Esmal) deu lugar à celebração dos 6 anos de atividade do Clube do Livro Direito e Literatura, desenvolvido pela Biblioteca Geral do Poder Judiciário. A autora do livro do mês Não fossem as sílabas do sábado, Mariana Salomão Carrara, foi a convidada especial do evento.
Defensora pública há 14 anos, Mariana Salomão Carrara recebeu com entusiasmo o convite da Esmal para dialogar com os participantes do Clube. Para a autora, a ocasião representou uma oportunidade de unir as duas carreiras que movem sua vida profissional e criativa.
Sou escritora desde pequena, mas de carreira mesmo já faz uns sete anos, e tem sido muito legal a articulação toda sobre esse tema. As pessoas sempre se interessam também pela minha carreira jurídica para entender o entrosamento entre as obras e o meu percurso dentro do Direito, pontuou.
Mariana entende que é necessário que o Direito e a Literatura estejam em permanente contato para que o sistema de justiça esteja mais próximo das pessoas que o utilizam e que o fazem.
A gente precisa desmanchar esses castelos jurídicos, sensibilizar os operadores do Direito para que eles possam entender e viver mesmo as vidas alheias, fictícias ou não. Isso gera um trabalho melhor com a justiça, mais contundente e antenado com a realidade. Com isso, leitores, escritores e juristas serão profissionais muito mais completos, destacou.
Em Não fossem as sílabas do sábado, Mariana Salomão Carrara entrelaça uma história de luto com o início de uma forte amizade entre duas mulheres atingidas pela mesma tragédia. A obra recebeu o Prêmio São Paulo de Literatura, um dos mais prestigiados do país, e sua dimensão psicológica é fundamental para compreender complexidade das relações humanas e seu impacto no cotidiano.
Entender que uma pessoa está passando por um luto que, aos olhos dos outros, possa parecer prolongado envolve compreender como ela chegou até ali e por que não consegue sair dessa situação. Isso também se relaciona com diversos problemas que a gente atende e não compreende também como a pessoa chegou até ali e precisa entender o lastro para oferecer um tratamento adequado e resolver questões que vão muito além da ponta do problema que chega até nós, disse.
Integrantes do Clube do Livro Direito e Literatura compartilham a leitura da obra Não fossem as sílabas do sábado, de Mariana Salomão Carrara. Foto: Kenny Lucas - Ascom/Esmal
Quem vive o Clube
A analista judiciária Rosana Barros faz parte do Clube do Livro desde 2019. Ela considera sua participação no grupo como um divisor de águas durante sua trajetória no TJAL.
Esse contato com a literatura aprimora o olhar de nós que trabalhamos com o Direito. Esse tipo de atividade é muito importante para a humanização e aprimoramento do nosso trabalho. A gente consegue enxergar a vida de vários personagens, entrar mesmo na carne deles e levar isso para aqueles com quem a gente lida no dia a dia, ressaltou a servidora.
A diretora da Biblioteca e uma das fundadoras do Clube do Livro, Mirian Ferreira Alves, expressou sua gratidão ao analisar a longevidade da ação do clube como impulsionador da comunidade leitora do sistema de justiça estadual.
Ao longo destes anos, o clube tornou-se uma referência no judiciário alagoano, como espaço de partilha, de escuta e de debate e reflexão sobre tantos temas sociais e humanos, a partir da lente sensível da literatura, revelou a diretora.
Mirian acrescentou que a participação de Mariana Salomão Carrara tornou o aniversário do clube ainda mais especial.
Foi um orgulho imenso celebrar os nossos 6 anos de leituras, encontros, conversas e muito afeto. A presença generosa da escritora Mariana Salomão Carrara proporcionou uma troca muito rica para todos nós, finalizou.
Filipe Norberto - Ascom/Esmal