Nesta segunda-feira (18), 140 alunos de escolas públicas participaram de uma sessão especial no Cine Arte Pajuçara, em Maceió. A atividade fez parte da programação do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) para o Mês da Consciência Negra e incentivou debates sobre racismo e equidade racial, com a exibição do filme Doutor Gama.
O longa retrata a trajetória de Luiz Gama, advogado autodidata, abolicionista, escritor e jornalista que utilizou o conhecimento jurídico para libertar mais de 500 escravizados no Brasil do século XIX.
Reflexão sobre racismo e justiça social
O magistrado Vinícius Araújo, gestor local do Pacto pela Equidade Racial do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), destacou o caráter educativo e transformador da ação.
Queríamos algo que marcasse este momento. Após palestras em várias escolas sobre letramento racial, decidimos trazer adolescentes para assistir à história de Luiz Gama em um espaço cultural significativo. É uma forma lúdica de inspirar a reflexão sobre a luta pela equidade racial no Brasil, explicou.
Jovens dialogaram sobre letramento racial após o filme. Foto: Adeildo Lobo (Dicom/TJAL)
A pedagoga Luzia Rodrigues, membro do Programa Cidadania e Justiça na Escola (PCJE), ressaltou a relevância do cinema como ferramenta pedagógica.
O racismo é um grande problema da nossa sociedade. Utilizamos o cinema, que é atrativo e prazeroso, para abordar a história de Luiz Gama, um homem negro que superou barreiras para se tornar advogado autodidata e libertar escravos. É fundamental que escolas e famílias mantenham esse debate não só durante o mês de novembro, mas ao longo de todo o ano, afirmou Luzia.
Conscientização
O desembargador Tutmés Airan, presente no evento, pontuou que iniciativas como essa são essenciais para combater o racismo estrutural.
Vivemos em um país cuja base foi construída sobre uma ferida que nunca vai cicatrizar: a escravidão. Isso ainda nos marca profundamente. Combater o racismo exige esforço contínuo, especialmente para transformar a forma como enxergamos o outro, declarou o desembargador.
Para ele, o conhecimento é a chave para evitar que injustiças históricas se repitam. Momentos como este ajudam os jovens a refletir e construir um futuro mais justo, destacou.
Impacto para estudantes
Darlan Marques, estudante do 9º ano da Escola Municipal Pompeu Sarmento, afirmou que a experiência foi enriquecedora.
Juiz Vinícius Araújo conduziu as reflexões sobre o racismo e a história de Luiz Gama. Foto: Adeildo Lobo (Dicom/TJAL)
Achei muito importante porque ensina a não julgar as pessoas pela cor da pele e a respeitar o próximo. Eu recomendaria o filme para qualquer pessoa. Ele é educativo e acessível para todas as idades, disse.
Organização e parcerias
A sessão especial foi organizada pelo TJAL, por meio da Comissão de Equidade Racial da Coordenadoria de Direitos Humanos. O evento também contou com a parceria do Centro de Cultura e Memória (CCM) e do Programa Cidadania e Justiça na Escola (PCJE), além do Cine Arte Pajuçara, que cedeu o espaço.
A sessão de cinema integrou o Cinejus, projeto do CCM que visa promover debates sociais e educativos por meio do cinema.
Kenny Lucas Ascom/Esmal